terça-feira, abril 18, 2006

Confissões de um jogador de Pocker.




As calçadas molhadas refletiam com primor as luzes dos cassinos. Quem, em meio à multidão noturna, pensaria em olhar a lua tendo tanto brilho por perto? Brilho nos carros recém comprados, nas bengalas de ouro dos homens de black-tie, nos corpos das moças e senhoras gran-finas. Entre elas, havia aquelas para quem as jóias eram simples complemento e a beleza se apresentava em soberania. Outras, não tão belas mas não menos elegantes, associavam-se aos brilhantes e às belas roupas, formando um conjunto encantador. Em alguns corpos as jóias jamais caíam bem. Pareciam fardos incrivelmente pesados, dos quais aquelas pobres almas se livrariam logo que colocassem seus pés em casa. Era penoso vê-las assim, vagando desengonçadas e sombrias pelos salões, escondendo a insegurança atrás dos copos de whisky e dos cigarros de menta, o que não era exclusividade delas. Não digo que fossem feias. E não eram. Sempre há o que se admirar numa mulher, mesmo que o fruto da admiração esteja sufocado por roupas, pêlos e escondido entre a delicadeza de duas pernas fechadas.

L.C.