quinta-feira, setembro 29, 2005

Clareza.

Ela sempre manifestara o desejo de transcrever aquele gosto de vida mais que vivida. Podia ser água jorrando por todos os poros do corpo ou luz invadindo as mais obscuras camadas da alma. O fato é que em momento algum sentia-se tão leve. A respiração, sempre pesada, mal era notada. Mesmo que tentasse, não conseguiria controlar o ar que entrava e saía, entrava e saía. Sutileza e musicalidade encravavam-se em cada molécula.
Havia dança e violinos.
O branco tornava-se ainda mais branco, o vermelho podia aquecer aquela pele clara. Todas as cores gritavam, esvoaçavam pureza em sua ânsia de libertação. Eram sempre imensas, com exceção da ausência de todas elas, que aparecia em pequenas porções, aqui e ali, ali e aqui, deixando claro que nem tudo lhe podia ser revelado. Por onde quer que andasse, sempre encontraria fissuras negras indicando o desconhecido. Pensava um dia atingir o conhecimento supremo, que está além dos livros e da razão, e onde tudo se faz claro. No dia em que se deparou com ele (ou seria a projeção?), certificou-se: não há nada mais ilusório do que clareza em totalidade.

Larissa Campos

<$I18NNumComentários$>:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial