domingo, maio 29, 2005

Entretenimento.com (Parte I)



Enquanto a madrugada deixava seus raios entrarem pela janela, os dois se divertiam emcima daquela cama enfezada. Procuravam não se mexer muito, com medo que fossem de encontro ao chão ou acordassem os meninos, que dormiam no quarto ao lado. As condições da cama não eram as melhores.
Naquele momento, não havia lençol de cetim, nem mesmo um espumante qualquer, afinal, a pequena renda da qual dispunham não lhes proporcionava tais exageros.
Tentavam repetir o ritual pelo menos três vezes por semana, para evitar que o casamento esfriasse. Já não era o desejo que imperava, mas o costume. Estavam acostumados com a situação.
Cada ritual era uma válvula de escape, um momento de fuga, onde não havia fome, doenças, goteiras, contas, desemprego, violência e nem mesmo todas aquelas proteções e cuidados tão falados, pois eram marido e mulher e não precisavam de tais artifícios. Só pediam pra que Deus os abençoasse, e não lhes mandasse mais uma criança de presente. A reza era brava.
Depois que o trabalho era feito, só lhes restava o sono como consolo. Bem sabiam que, na manhã seguinte, o café traria todos os problemas de volta.

Larissa Campos

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