sábado, outubro 22, 2005

Em banho Maria.


felicidade é sonho, menina
fruto do pé de imaginação
inalcançável
reluzente
não apodrece
nem cai no chão.

Doçura sublime
cheirando a água correndo...
luminosas faíscas
íngremes
retorcidas
vivendo no pensamento.

Ah! Mania infinita essa minha, de viver em Banho Maria.


Larissa Campos.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Lampionários.



O sol encravava-se no rosto da Vila de São Tomé, impedindo que as fartas gotas de suor deixassem aquelas pobres carcaças. Mal brotavam e já eram atacadas pela calefação.
Como no jogo da velha, a cidade formava-se por duas avenidas principais, as quais eram cortadas por duas curtas ruelas: ruela de cima e ruela de baixo. Nesta moravam os habitantes mais abastados: o padre, o delegado e o prefeito, todos entediados pela falta de acontecimentos marcantes no vilarejo. Novembro traria novidades.
Assim que o sol de pôs, foram ouvidas as primeiras batidas de tambor. O som grave já era velho conhecido. Era o circo quem chegava. Tum, tum, tum... ouvia-se ao longe. Tum, tum, tum... faziam os corações em alvoroço. E foram amontoando-se nas janelas, repletos daquela ansiedade amarga, amargurada, que coloca sorriso nos lábios. Quando a caravana tomou a praça da vila, os corações ganharam pés e deixaram-se levar.
Como perdiam tempo em suas vidas. Como sentiam-se felizes agora.
O trotar de cavalos e o estampido dos tiros, vieram despertar-lhes do sonho e arrancar cada alma esperançosa da rua. Corriam de volta aos casebres, protegendo-se sob a mesa da sala de jantar.
Quem destruira a festa? Quem dera fosse arribação. Era o bando de Lampião.

Larissa Campos